quinta-feira, 17 de março de 2011

Quaresma e Campanha da Fraternidade

Fala Povo de Deus!

Hoje vou falar um pouco sobre a Quaresma e a Campanha da Fraternidade.

O que é a quaresma?
Para nós cristãos é a preparação para a Páscoa, a maior festa da nossa religião. E num tempo de preparação o que fazemos?!? Nos preparamos ¬¬'... Tiramos esse tempo para refletir e orar, nós paramos para ver que atitudes tomamos como pessoas cristãs, foram boas? ruins? omissões? fomos sinceros? Esse tempo é o momentos para nos aprofundarmos, mergulharmos no nosso interior e conversarmos com Deus.

Tá, mas porque 40 dias?
Segundo o ACI Digital, um portal ligado à Igreja Católica no qual eu recomendo e leio sempre e que tira minhas dúvidas,

40 dias

A duração da Quaresma está baseada no símbolo do número quarenta na Bíblia. Nesta, é falada dos quarenta dias do dilúvio, dos quarenta anos de peregrinação do povo judeu pelo deserto, dos quarenta dias e Moisés e de Elias na montanha, dos quarenta dias que Jesus passou no deserto antes de começar sua vida pública, dos 400 anos que durou o exílio dos judeus no Egito.

Na Bíblia, o número quatro simboliza o universo material, seguido de zeros significa o tempo de nossa vida na terra, seguido de provações e dificuldades.

A prática da Quaresma data do século IV, quando se dá a tendência a constituí-la em tempo de penitência e de renovação para toda a Igreja, com a prática do jejum e da abstinência. Conservada com bastante vigor, ao menos em um princípio, nas Igrejas do oriente, a prática penitencial da Quaresma tem sido cada vez mais abrandada no ocidente, mas deve-se observar um espírito penitencial e de conversão.

O Concílio Vaticano II recomenda que "a penitência quaresmal não seja só interna e individual, mas sobretudo externa e social. E a prática penitencial, segundo as possibilidades do nosso tempo e das diversas regiões, como também consoante as condições dos fiéis, incentivada e...recomendada (SC 110)".

Muita gente confunde, mas a quaresma vai da Quarta-feira de Cinzas atéééé o Domingo de Ramos ( contei no calendário ^^ ) , começando então a Semana Santa, que vai do Domingo de Ramos, com a entrada de Jesus em Jerusalém, até sua ressurreição no Domingo de Páscoa.

Neste tempo vemos algumas mudanças nas missas. Primeiro é a cor, que é roxa, símbolo de penitência, reflexão. Outra mudança que vemos é sobre a omissão do glória e do Aleluia. Já que é tempo de penitência, não se canta, só serão cantados no Domingo de Ramos.

Bom, e a Campanha da Fraternidade?

Uma pouco da história...

Em 1961, três padres responsáveis pela Cáritas Brasileira idealizaram uma campanha para arrecadar fundos para as atividades assistenciais e promocionais da instituição e torná-la autônoma financeiramente. A atividade foi chamada Campanha da Fraternidade e realizada pela primeira vez na quaresma de 1962, em Natal no Rio Grande do Norte, com adesão de outras três Dioceses e apoio financeiro dos Bispos norte-americanos. No ano seguinte, 16 Dioceses do Nordeste realizaram a campanha. Não teve êxito financeiro, mas foi o embrião de um projeto anual dos Organismos Nacionais da CNBB e das Igrejas Particulares no Brasil, realizado à luz e na perspectiva das Diretrizes Gerais da Ação Pastoral (Evangelizadora) da Igreja em nosso País.

Este projeto foi lançado, em nível nacional, no dia 26 de dezembro de 1963, sob o impulso renovador do espírito do Concílio Vaticano II, em andamento na época, e realizado pela primeira vez na quaresma de 1964. O tempo do Concílio foi fundamental para a concepção e estruturação da Campanha da Fraternidade, bem como o Plano Pastoral de Emergência e o Plano de Pastoral de Conjunto, enfim, para o desencadeamento da Pastoral Orgânica e outras iniciativas de renovação eclesial. Ao longo de quatro anos seguidos, por um período extenso em cada um, os Bispos ficaram hospedados na mesma casa, em Roma, participando das sessões do Concílio e de diversos momentos de reunião, estudo, troca de experiências. Nesse contexto, nasceu e cresceu a Campanha da Fraternidade.

A função da Campanha da Fraternidade é nos convidar, nessa época de reflexão, a repensar nossos gestos sobre determinado assunto a cada ano, para que nós cristãos, seguindo o que diz o Concílio Vaticano II, possamos olhar para o mundo a nossa volta e agirmos pelo bem dos nossos irmãos e do mundo em que vivemos.

Este ano o tema da CF é: Fraternidade e a vida no planeta, e o lema é A criação geme em dores de parto (Rm 8,22). O objetivo geral dessa campanha é contribuir para a conscientização das comunidades cristãs e pessoas de boa vontade sobre a gravidade do aquecimento global e das mudanças climáticas, e motivá-las a participar dos debates e ações que visam a enfrentar o problema e preservar as condições de vida no planeta.

Então é isso, já que conhecemos um pouquinho mais da nossa Igreja, vamos aproveitar esse momento de conversão e reflexão para revermos nossa vida, nossas atitudes, nossas escolhas. Busquemos ver Cristo ao nosso redor, para que também sejamos sua face para o irmão. Se você muda, o mundo muda!

Fiquem com Deus!!!

Gostou? dá lá uma olhada no meu blog ^^ : arcandius.blogspot.com

segunda-feira, 7 de março de 2011

Carnaval: celebração da vida ou da morte?

Carnaval: celebração da vida ou da morte?


“Não se deixe dominar pela tristeza, nem se aflija com preocupações.
Alegria do coração é vida para o homem, e a satisfação lhe prolonga a vida”

(Eclo 30, 21 – 22).

A origem do carnaval remonta à Grécia dos meados dos anos 600 a 250 a.C. Tratava-se de uma festa de agradecimento aos deuses pela fertilidade do solo e pela produção. Com o passar do tempo, gregos e romanos introduziram bebidas alcoólicas e práticas sexuais na festa carnavalesca despertando, assim, a aversão por parte da Igreja.

Curiosamente, a história registra que no ano 590 d.C., a Igreja passou a adotar o carnaval. Este passou a ser comemorado através de cultos oficiais que baniam os “atos pecaminosos”. Esta modificação causou espanto no povo, que ignorava o fato de que a Igreja estava, com tal adoção, traindo a idéia original da festa.

Com o Concílio de Trento, em 1545, o carnaval voltou a ser uma festa popular. Sob forte influência européia, em 1723 (aproximadamente), o carnaval chegou ao Brasil, marcado pelo desfile de pessoas mascaradas e fantasiadas. A partir do séc. XIX, começaram a aparecer os blocos carnavalescos de forma semelhante aos que são vistos hoje.

O povo brasileiro adotou o carnaval, e este se tornou uma de suas maiores festas. As tradicionais escolas de samba e as marchas carnavalescas são frutos de exaustivo empenho de incontável número de pessoas, que trabalham dia e noite, para abrilhantar cada vez mais a festa.

O Evangelho de Jesus nos exige que façamos uma séria reflexão em torno deste grande momento nacional. Antes, porém, é preciso destacar a sua importância para a vida do povo brasileiro. A formação deste povo é marcada pela festa. Na verdade, esta faz parte da vida do ser humano, desde que o mesmo passou a viver em sociedade e em comunidade.

A festa é constitutiva da vida humana e necessária para uma convivência sadia e, conseqüentemente, feliz. Sem a festa, a vida humana perderia o seu gosto e ludicidade. A religião não nega a dimensão lúdica e festiva da existência do gênero humano. A celebração é em si uma festa, uma reunião de pessoas em torno do louvor e da gratidão pelos dons recebidos e pela vida vivida.

Infelizmente, dada a condição limitada do homem, a festa também tem se tornado lugar da manifestação da morte. Toda alegria que converge para a vida é sadia, louvável e bendita; mas há certa aparência de alegria na busca do prazer desenfreado que se manifesta todos os anos durante os dias de carnaval. O saldo de violência, tragédias e mortes é altíssimo e tem crescido a cada ano.

Há quatro males que preocupam e destroem a verdadeira alegria do carnaval: violência, drogas, bebida e sexo fácil. São quatro males que estão, intimamente, interligados; ou seja, um conduz ao outro. Pessoas que bebem, excessivamente, tendem a serem violentas e perdem facilmente o controle da sexualidade. Sob os efeitos de bebida alcoólica e das drogas o homem se torna, comumente, um ser perigoso.

Os católicos praticantes, ligados à RCC – Renovação Carismática Católica, que não querem deixar de festejar o carnaval inventaram, recentemente, o que se passou a ser chamar Carnaval com Cristo. Trata-se de festejar buscando se preservar dos excessos e mantendo-se fiéis aos valores morais e cristãos. De maneira sadia, os “renovados em Cristo” procuram celebrar a vida; mas mesmo assim, também constatamos certos “desvios de conduta” em alguns que estão se “divertindo com Cristo”.

Um dos equívocos do Carnaval com Cristo, e que parece ser o pior deles, é a prática farisaica do indiferentismo em relação ao semelhante; ou seja, quem se diverte nesta modalidade de carnaval sente-se, na maioria das vezes, melhor do que as demais pessoas que optam pelo “carnaval do mundo”. O pecado da indiferença leva ao desprezo e à condenação do próximo. Fariseus hipócritas são, na verdade, aquelas pessoas que, por trás de uma festa camuflada de adereços e valores cristãos, aproveitam-se para julgar e condenar o outro. Neste sentido, o evento Carnaval com Cristo pode ser considerado um gesto de profunda indiferença.

Outro mal que se tornou comum no carnaval é a banalização do corpo. Basta olhar as fantasias carnavalescas das escolas de samba. Não somente nestas, a nudez se tornou marca comum do carnaval em todos os lugares. Homens e mulheres investem em academias, medicamentos e cirurgias para expor, sem pudor algum, um corpo “sarado”. Assim, o corpo perde a sua dimensão autenticamente bela, saudável, natural e sagrada e passa a ser objeto de desejo sexual, mais um produto entre outros a ser cobiçado.

Assim sendo, é pecado assistir ou participar do carnaval? De maneira alguma! Bíblica e teologicamente, não existe nenhuma condenação ou recomendação contrária à participação nas festas produzidas pela vontade humana de ser feliz. Desde as origens, o povo de Deus celebrou com muitas festas o dom da vida e os dons concedidos por Deus. Diante de uma nação marcada pelas diversas formas de corrupção que geram gritantes injustiças sociais, a participação no carnaval é uma ótima oportunidade para recobrar o ânimo para continuar lutando por dias melhores.

Que o carnaval seja mais uma oportunidade para nos alegrarmos juntos e para sermos, coletivamente, irmãos que se querem bem alimentando o sonho de um país mais justo e fraterno. Como nos ensina a citação bíblica acima, não nos deixemos dominar pela tristeza, que tem a força de nos tirar a vida; nem de nos afligir pelas preocupações, porque na vida tudo passa. Só Deus, que dá alegria e sentido à nossa vida é quem permanece para sempre.

Quero concluir com mais uma citação bíblica: “Não siga suas paixões. Coloque freio nos seus desejos. Se você permite satisfazer a paixão, ela tornará você motivo de zombaria para seus inimigos” (Eclo 18, 30 – 31). Não se trata de reprimir os desejos, pois faz mal à saúde física, metal e psíquica; mas de controlar os impulsos interiores, que podem nos envergonhar, prejudicar e nos afastar do próximo e de Deus. A você que leu esta mensagem, meus sinceros votos de um ótimo e feliz carnaval!


Tiago de França